sexta-feira, 6 de março de 2009

O amor me deixa sem crítica

Hoje, só hoje, voltei a frequentar meu próprio blog, e descobri esse escrito aí debaixo, que eu nem lembrava... Devo ter ficado com vergonha na época, mas hoje ele pareceu bonitinho...

Eu cheguei de SP apaixonada, mas como dá muito medo, não dava muito para entrar em contato. Deu para ver indícios claros de paixão velada (talvez só para mim), quando reli.

Eu bato nessa tecla de que gosto mais de mim quando estou apaixonada. Talvez seja um pouco cansativo mesmo. Mas a verdade é que apaixonada eu sou uma pessoa melhor: meu julgamento é mais ameno, minha generosidade aparece mais espontaneamente, meu sorriso fica ainda mais fácil, e eu suspiro.... e suspiro.... alto e para todo mundo ver, sem querer.... as pessoas comentam, dizem: "você está suspirando!","Seus olham brilham", " Você está mais bonita", amigos e pacientes e familiares falam.

E, na verdade, é um pouco constrangedor, me sinto muito exposta, mas eu nem me importo muito, porque é muito difícil esconder, dá muito trabalho... E, como o amor é brega e cafona, eu estou muito brega e cafona, eu acho que espalhar um pouco de suspiros e sorrisos fáceis por aí, talvez não faça mal.

Na próxima semana, faço aniversário: vários anos depois dos trinta! E, eu estava achando que paixão e amor não era mais coisa de senhorinha de quase quarenta. E, depois de muitos anos de juventude deixados para trás, as palavrinhas velhas, bregas, batidas, etc... saíram da minha boca antes que eu pudesse recolher! E saíram fáceis, gostosas, repletas de espontaneidade, que quase não deu vontade de recolher... só um pouquinho de medo e assombramento.

Queria mesmo que todos pudessem sentir isso, de vez em quando, em momentos inesperados, para lembrar que a gente não veio no mundo para viver só, que o que legitima o que a gente é, é poder compartilhar com o outro. Porque sem isso, o vazio é grande, e o bonito fica sem sentido. Porque o olhar do outro dá significado mais colorido, mais afetivo para aquilo que é importante.

Zeca, 2000 e love, 2000 e vamos amar muito... queria estar mais perto!!!! Mas não posso estar longe daqui agora!

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Pegando carona atrasada no Zeca

Eu escrevi isso quando cheguei de férias, e não sei porque não deixei passar antes.... Mas hoje, meio bebada, pareceu bonitinho.... fofo... Tô retardada, meio brega mesmo....

Cheguei de volta a Fortaleza.
Meu sonho era ser cidadã do mundo (cabulei).... Só o que consegui foi mudar de SP para a Capital (Fortaleza).

Achei que se você tem seu trabalho, ele pode ser feito em qualquer lugar, mas descobri que meu trabalho depende da língua, e eu falo português e não sou o Saramago, não sou mundial.... arrisco o inglês e o francês, mas sutilezas, nem pensar.... Terapia? Fora de questão (fora o fato mega real de que meu diploma não vale nada)... Minha experiência em neuropsicologia? Talvez.... Desde que eu possa contar em outra língua.....

O que é que estou fazendo aqui, na Capital?

Aqui, tenho minha vidinha, de respirar um pouco de ar mais puro (quando consigo, porque sigo fumando, sempre que a ansiedade bate, ou seja, sempre), almoçando em casa, comidinha saudável e caseira, sem trânsito e violência, com meu trabalho valorizado e bem pago (ou quase), minha casinha (e não apartamento) e tudo que eu achava que era "qualidade de vida'.

Mas o que é tudo isso, se você não tiver um amor? Alguém para compartilhar? Cara, acender todas as luzes da sua casa todos os dias é muito cruel; especialmente se ninguém, além de você mesmo, disser que isso é antiecológico e desnecessário....

Enfim, cheguei de férias (lindas, gostosas e visíveis) e meu carro tava com o alternador quebrado, as baterias do telefone não funcionavam mais e aqui tudo enferruja... Mas é minha casa, meu trabalho e alguns dos meus amigos mais queridos (que não quebram e não enferrujam).....

Eu quero ir para onde meu amor estiver.... 2009, o ano da paixão (não é, Zeca?) Gosto mais de mim apaixonada!

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Para minha mãe

Hoje eu acordei banhada nas minhas próprias lágrimas.
Invadida por uma sensação que não era só ruim.
Estava pensando na minha mãe, com uma saudade ao mesmo tempo dolorida e benvinda...
Sei que parece estranho, mas é assim a saudade que a gente sente de pessoas muito queridas, que já se foram há muito tempo.

Dos primeiros meses logo depois de sua morte, nem me lembro, é só um branco de dor e angústia e o tempo e os acontecimentos passando por mim, sem deixar nenhuma marca impressa.
Depois, vem a necessidade de retomar a vida, voltar a trabalhar e a encarar as pessoas, sem entender direito o que está acontecendo, acompanhada de uma certa surpresa do mundo não ter parado de girar por causa da minha dor. Então, as coisas vão lentamente voltando para o lugar e vem a surpresa de conseguir se envolver na rotina novamente. Ainda me lembro da sensação de ter passado um dia quase inteiro sem ter pensado nela.... tive medo! medo de esquecer do seu rosto, do seu sorriso, do seu jeito.... Eu dizia na terapia: "estou com medo de estar esquecendo dela", com um jeito meio culpado... E a Bia dizia: "precisa ser assim, para podermos retomar a vida, não dá para lembrar o tempo todo, porque senão a vida para."

De repente, os anos passam sem a gente se dar conta do tanto de tempo. Anos passaram: alguns dias mais difíceis, outros nem tanto, outros até bem alegres e cheios de vida de novo.
É nessa fase que, em geral, a saudade vai deixando de ser só dolorida... Me pego com uma saudade gostosa, de lembrar de momentos alegres, do jeito dela, da carinha dela, do trabalho que eu dei para ela. Essa saudade é super benvinda; é muito bom pensar nela e até falar dela, para as pessoas que hoje fazem parte da minha vida e que não a conheceram.

Hoje, quando acordei, estava angustiada, dolorida, com saudades. Essa coisa de Natal e família mexem muito com a gente, até com gente que como eu, não teve a felicidade e o alívio de partilhar de crenças que trazem conforto.
Eu estava pensando que eu queria que ela visse a mulher que eu me tornei, e que ela tivesse orgulho de mim e dela, por ter feito um trabalho tão bem feito.
É muito ruim não poder agradecer a ela, o muito do que sou hoje, e de dizer que ela é meu espelho e minha inspiração, no meu trabalho e no modo como cuido das minhas relações.

Não é a melhor fase da minha vida, essa... Algumas coisas estão muito difíceis de processar e de entender e de desapegar....
Acordei, banhada em lágrimas, com vontade de deitar no colo dela, para que ela pudesse pentear meus cabelos e dizer aquelas coisas certas e confortantes que só ela sabia dizer....

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Vida Estranha

A vida, às vezes, fica muito esquisita....
Hoje terminei o consultório mais cedo... eba!!!! Vou para casa e.... vou fazer o que mesmo em casa?

Chego. Ligo a TV. Seriados policiais me entorpecem.... a vida deles é bem mais esquisita do que a minha.... tenho que fazer relatório (argh!).... mais seridaods bestas, babando na frente da TV....

Queria que alguém me ligasse.... Mas eu moro em Fortaleza! Interurbano é foda! Queria que alguém me chamasse no msn.... estou offline, todo mundo pensa que eu estou trabalhando.....

Alguém chama mesmo assim.... mas ela também está off.... e me chamou.... que estranho!

Fica mais estranho.... ela me conta que está grávida e mais ou menos feliz, porque na verdade, ela tinha sido atropelada e tinha passado maus bocados e agora saiu da morte para a vida!!!!!!

Meu Deus, para o mundo que eu quero descer, eu não quero mais brincar disso.....

Meu mundo virou de ponta cabeça e do avesso ao mesmo tempo. As pessoas não sabem mais das outras pessoas, tá todo mundo muito envolvido com o próprio umbigo.... inclusive eu, que tava só pensando que não queria corrigir teste e nem fazer relatório e que meu dia seria mais feliz se ELE mandasse notícias....

Eu gosto das minhas amigas e sinto uma falta cruel de todo mundo.... meu coração tá apertado (e agora encharcado de cerveja)... e o que tinha importância brutal há três horas atrás, acabou de esvaziar e se perder....

Aqui estou eu, separada pelo interurbano, pela distância e pela correria da rotina que engole e anuvia a importância das relações.....

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Insatisfação Crônica

É dificil só passar pelas coisas. A vontade é de viver intensamente, buscar respostas inexistentes, superar o previsível. Mas viver, é com os outros, e nem sempre o outro está no mesmo pique.... quase nunca, na verdade. As pessoas buscam a plenitude da felicidade duradoura e eu, gosto de pequenos e intensos momentos. E pulo de um para o outro... só que entre eles há o vazio.... o oco.... o buraco.

Não consigo me acomodar numa só situação, achando que isso é o presente suficiente. Insatisfação crônica, nas palavras de María Elena.
Algumas pessoas querem mais paixão, mais brilho nos olhos de admiração, mais tesão.
Outras pessoas querem segurança, proteção, estabilidade e o que chamam de amor.

Eu preciso de chocolate Talento vermelho, um aquário de Alpinos e amigas psicólogas (ou quase) para conversar noite a dentro, tomando cerveja ou champagne. Conversas que começam episódicas, com: daí eu disse, daí ele disse.... e terminam semânticas como: aí eu pensei e eu acho que ele pensou.... e se não pensou deveria ter pensado.... não é possível que ele não tenha pensado.... se não pensou deve ter sentido.... mas não falou!

Para no fim da noite, bêbada de cerveja e de pensamentos compartilhados concluir que : Eu queria duas olheiras bem formadas, olhar caído igual ao do antigo ford K, uns cabelinhos para poder puxar e um jeito de Calvin, em 1,80 metro de altura.

Então é isso. Eu gosto de legendas!

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Floresta de Asteriscos


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Esse fim de semana fui de novo para Guajiru, que é uma aldeia de pescadores na praia da costa do sol poente, aqui no Ceará. O lugar é lindo: praia, dunas, sol e mar.
Na estrada, um pouquinho depois de sair de Fortaleza, você já vê, nas laterais, as florestas de carnaúbas. Vocês conhecem a árvore da carnaúba? É uma das coisas mais fofas da vida. Parece uma palmeira, ou um coqueiro, mas as folhas parecem cabelinhos espetados na forma de um asterisco.
No caminho, saindo da cidade, deixando para trás trabalho, problemas, contas a pagar, solidão, já começa uma espécie de alívio. Chegando nas florestas, é a hora em que já estou no clima viagem, sabe, cantando alto (desta vez Camille), dirigindo e dançando, pensando no mar.
Quando vi o primeiro asterisco (ops.... carnaúba) pensei no significado dele (asterisco), que é aquele aviso de preciso explicar isso melhor, não posso esquecer, disso.....
E aí, comecei a viajar.... e se cada carnaúba daquela foi plantada cada vez que alguém pensou em deixar para depois uma explicação melhor, ou assinalou que não podia esquecer de alguma coisa importante.... e a floresta de asteriscos ficou ainda mais interessante....
E comecei a pensar na minha floresta de carnaúbas particular e me dei conta de que ando assinalando muitos asteriscos!!!
Preciso ir mais vezes para Guajiru.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

A noite todos os gatos são pardos

De novo, no meio da madrugada, angústia e ansiedade tiram meu sono e minha capacidade de dormir.
Tento me distrair, pego um livro e leio compulsivamente, Mergulho em uma história que não é a minha. Me envolvo e me esqueço.
E naquele frágil momento em que o sono parece que vai me pegar, olhos cansados e quase embarcando.... o medo, o coração dispara num galope alucinado, o calafrio, o suor frio no corpo quente e pronto.... impossível dormir.
A sensação de vazio na boca do estômago, o vazio da alma, os gremilins invadiram e a paz me abandonou.
Pensamentos que passam a milhão, sem tempo de elaboração. Eles são cruéis e frios, insensíveis à dor da minha solidão.
Lembranças, saudades, remorsos... tudo misturado num turbilhão de pensamentos.
Levanto, fumo um cigarro, olho para o livro há pouco abandonado em cima da cama. Não dá para retomá-lo. Minha concentração foi roubada e estou mergulhada de novo na minha própria história.
Mais uma noite de torcida para a chegada da manhã, quando as coisas voltam a ter uma perspectiva mais correta, mais justa.
Amanhã vai ser um dia difícil!