sexta-feira, 10 de outubro de 2008

A Viagem

Aqui estou eu, sozinha...
Voltei para a terapia, e apesar de achar que ninguém mais me entenderia como a Bia, achei alguma possibilidade nova. Não do mesmo jeito. Diferente, mas de um jeito novo, que aponta para um caminho que parece que vai ser legal. Um novo olhar sobre a minha confusão.
Hoje aprendi um jeito novo de chamar o mundo das idéias, mais poético: uma retirada narcísica, erotizada. Uau!!!
Enfim, meu mundo das idéias continua povoadíssimo, e de tão povoado, está começando a ficar um pouco opressor também.
A opção pela solidão, aquela que parecia tão acertada naquele momento da vida, começou a ficar pesada, e anda me roubando algumas oportunidades.
Ninguém nasceu para viver sozinho e certamente não eu.
Mas ela se torna mais e mais confortável, porque conhecida?
Está cada vez mais difícil deixar alguém entrar e quando deixo..... abandono, certamente ele vem logo em seguida.
Enquanto isso, mais e mais roubadas.... a busca intensa pelo conflito, pela confusão, pelo indescritível.
O amor, a paixão, a companhia, a cumplicidade e busca e busca e busca....
Os fantasmas voltam, só para dizerem que existem e nada mais
A angústia, velha amiga, velha companheira
O trabalho, como dado de realidade, mas que também começa a ter cara de fraude, de incompetência
A irritação com as pequenezas, como são irritantes as pequenezas...
A perspectiva: a viagem... o mundo.... a amplitude... o poder ser mais, sair das pequenezas e enfrentar o tamanho do mundo, dos sonhos, das possibilidades
Pelo menos é uma briga que vale a pena.
Não, eu não deixo ninguém mais entrar.
Mas a perspectiva de ficar sozinha para sempre é assustadora... não mais amores, não mais paixões, não mais companhia, não mais amigos
É bem pouco inteligente isso...
E a busca, sempre a busca, o amor pelo processo, quando na verdade o que me completa é o outro
Na solidão fica faltando um pedaço, como já dizia o Djavan
E não é que o pedaço que falta que é o melhor pedaço? quase sempre...
O se enxergar no olhar de admiração do outro, cara, como isso faz falta!
A gente cansa do nosso próprio olhar
“Eu detesto quem me rouba a solidão, sem em troca me oferecer verdadeira companhia”
eu continuo detestando
Mas anseio cada vez mais por verdadeira companhia
Onde?
Na viagem?
Praga Budapeste Madri, onde?
Espírito livre, cidadão do mundo
O mundo
Será que diante do mundo, meu mundo se apequena? E se aquieta?
E se ele se perder?
Que alívio.... se ele se perder um pouco e eu encontrar a paz...
Tudo isso para fugir do que dessa vez?
Parece que quanto mais eu fujo, mais perto do objeto da fuga eu me encontro.
Me perder no mundo
Me perder do mundo
Me achar no mundo
Qual é o meu lugar?
Todo mundo tem seu lugar
O mundo tem seu lugar
Qual é o meu lugar?
Quem está no meu lugar?
As palavras
Retirada narcísica erotizada
Preciso sair de mim
Os fantasmas sempre voltam, só para dizer que continuam ali....

Um comentário:

Silvinha disse...

esse mundo tao grande e eu estou comigo pra todo lugar que vou... seria bom poder dar um tempo de ser a mesma pessoa sempre, nao?